A liderança feminina é tema na agenda das empresas mais influentes do mundo e a liderança Shakti, vem coligada a esse movimento. Como mostra um estudo recente da McKinsey, com 700 empresas na América Latina, as empresas com pelo menos uma mulher em sua equipe executivos são mais lucrativas (fonte: Valor Econômico). Segundo a pesquisa, isso ocorre porque as mulheres têm 50% mais chances de aumentar a lucratividade e 22% mais chances de crescer a margem EBITDA média.

Liderança é um tema em constante análises nas discussões dentro das organizações, e por várias áreas; onde trafegam a “busca por poder”. Mesmo com inúmeras ferramentas e teorias a respeito, ainda temos muito o que compreender da liderança. Em uma percepção mais holística, mais focada no autoconhecimento, um líder que não se conhece e não enxerga a empresa e o capitalismo consciente em sua volta, rompendo suas próprias paredes, pode e afetará negativamente todos os âmbitos do seu negócio.

O que significa a palavra Shakti?

A palavra “Shakti” é proveniente da metodologia hindu. Nesse sistema de crenças, que faz parte da tradição indiana, há uma divindade que é representada por um homem e uma mulher simultaneamente. Isso porque o lado esquerdo do seu corpo está relacionado à energia masculina, chamado Shiva, e o direito diz respeito à energia feminina, chamada de Shakti. No geral, pode-se dizer que a expressão ‘’Shakti’’, trata do poder que vem de dentro, ou seja, que é intrínseco ao ser humano. Consiste em uma força consciente, criativa e criadora, que está associada ao universo feminino.

O que é a liderança Shakti?

Para que os empreendedores sejam mais empáticos, não focados somente em resultados e que tenham um modo de vida mais equilibrado em todos os setores de suas vidas. A liderança Shakti consiste em um modelo de gestão considerado poderoso e prático, e de maneira consciente, compensar as energias femininas e masculinas para curar e restaurar o equilíbrio de ambas, na busca de promover a evolução do planeta. Essa definição e todo este artigo teve como fonte a obra ‘’Shakti Leadership: Embrancing Feminine and Masculine Power in Business’’, que em português é chamada de ”Liderança Shakti: adotando poderes masculino e feminino nos negócios”, escrito por Raj Sisodia e Nilima Baht, lançado em 2016.

Casey Sheahan, ex-CEO da Patagonia, ressalta:

“A Patagonia tem 55% de seus funcionários mulheres e 45% homens. A energia dentro da organização podem ser dividida em dois tipos básicos. O primeiro é o que eu chamo de energia ambiciosa masculina e o segundo, que no fim das contas, eu considero mais poderoso; a energia criativa feminina. A primeira é uma energia que vem do atrito, enquanto a segunda é mais consciente e inspirada por paixão, por um propósito maior. Você sabe quando está nesta energia, porque a sua mente está clara, inteligente; ela sabe qual é o problema a ser resolvido e podem enxergar soluções que funcionem para todos os stakeholders que possam ser afetados”.

Para John Kluge em Artigo para Forbes 2016 fala sobre a Liderança Sakti: “Sua história começa no mundo de hoje com crise e potencial. Os investidores pescam com dinamite, exigindo retornos cada vez maiores acima de tudo. Os líderes estão incansavelmente focados em resultados financeiros limitados. Os funcionários estão desengajados, estressados ​​e até ativamente hostis aos negócios em que trabalham. Os custos – para a sociedade, o meio ambiente e o ecossistema econômico – são externalizados. E o preço – em despesas médicas, mudanças em nosso clima e guerra por recursos – está aumentando”. 

Um líder Shakti se torna completo equilibrando empatia, cooperação e abertura (poder feminino), clareza, competição e afirmação (poder masculino). Uma vez completo, um líder pode flexionar entre essas qualidades opostas e alinhar suas ações de forma congruente com seu propósito maior.

Não é da noite para o dia.

Por se tratar de uma mudança significativa, os autores lembram que ela não ocorre com apenas uma semana de treinamento. Uma liderança shakti em uma empresa, deve ser não só uma decisão estratégica, mas para a vida. Bhat e Sisodia; explicam que a chave para essa transformação é cultivar a consciência dessas energias polarizadas, desenvolvendo três capacidades essenciais:

• Totalidade
• Flexibilidade
• Congruência

 
Segundo os autores, um líder shakti torna-se “inteiro” ou “uno” ao balancear a empatia, a cooperação e a abertura de ideia (características femininas) à clareza, à competitividade e à autoafirmação (características masculinas). Uma vez “uno”, o líder pode alinhar suas ações de forma correspondente com os propósitos da empresa.

Eles explicam que o modelo de liderança dominante, criado pelo patriarcado, valoriza comportamentos baseados em hierarquia, competição, recompensa e punição. Do outro lado, características ditas femininas, como vulnerabilidade, intuição e gentileza, são muitas vezes menosprezadas, e isso acarreta um enorme atraso na construção de um sistema mais justo.

“Pensar em masculino e feminino não é sobre gênero, é sobre energias que estão presentes, tanto em homens como em mulheres. Grandes líderes como Dalai Lama e Martin Luther King, por exemplo, equilibravam competências positivas masculinas (como racionalidade, estabilidade, disciplina) com as femininas (empatia, compaixão, cuidado)”, diz Raj.

Uma das ferramentas de auto análise citadas pelos autores da Liderança Shakti, descrevem a jornada heroica, a qual inclui viagens interiores e exteriores paralelas na busca máxima pela liberdade e pela realização. A pista externa é a sua jornada na liderança, e a pista interna é a jornada da evolução de sua consciência. As duas ocorrem simultaneamente. O líder que você se torna, é a pessoa que você se torna.

A viagem exterior é aquela em que as tarefas são completadas e os obstáculos superados. Na jornada interior, você alcança crescimento pessoal, supera suas neuroses e cura os cismas e divisões dentro de você.

Eu sou! Eu posso, eu vou.

Supere seu próprio mito consciente de liderança, este com toda certeza é um primeiro passo! Considere:

• Minha presença: como vou cultivá-la?
• Meu poder: como vou exercê-lo?
• Meu prazer: como vou encontrá-lo?
• Meu propósito: como eu vou vivê-lo?

A liderança consciente, é apenas o começo de uma história sobre como curamos a nós mesmos, nossos funcionários, nossas empresas e nosso mundo.

Se houver um futuro, ele usará uma coroa de design feminino. ~Sri Aurobindo.

Data de Publicação: 29/05/2022

Autor: Suelen Mota Tavares de Bona